domingo, 2 de dezembro de 2012

Guache em papel na parede



Olha o que escorreu dos dedos na Nádia...

Tem um desenho na minha frente
Pessoas beijam
Pessoas bebem
Pessoas falam
Tem uma bicicleta
E gente sendo
Mas tem uma moça sozinha
Ela olha pra baixo e eu
Eu olho pro fundo dela
Apesar do amor profundo
do casal do lado
É pro fundo dela que,
Se o papel tivesse profundidade, eu entraria
Gente falando e gente sendo
Mas é ela que é.
O que é que te arqueia o pescoço?
Se o papel fosse tão profundo quanto quem o desenhou
Moça,
Eu te entraria.

Ela me diz que saiu do papel na parede, 
mas eu sei que foi só porque ela parou pra olhar.
No que ela mal bate os olhos, as coisas começam a soletrar.
Mesmo que assim baixinho, mesmo que assim manchado.
Ela bem que tenta me enganar, mas eu sei que veio dela.
Eu reconheço esse trançado. 
Esse jeito dela de fingir que não sabe o que está fazendo.
Eu reconheço esse traçado.
Essa coisa assim de quem só está sendo.

"o meu papel anda muito calado ultimamente"