ela olha pra mim e pensa como se não tivesse falando
ela pensa em mim e faz como se não quisesse
ela pensa que não, até faz que não, mas tem todo dia
vem no balcão e pede outra como se pudesse
eu pisco olho, faço o troco do Manel
e ela quer outra
a barriga na madeira, a mão no vidro do balcão e bate boca
bate outra, bate uma, desce uma, desce outra
bora a louca botar a culpa em mim
e toma mais
aquela uma tá que tá pra esquecer de alguma coisa
eu finjo que nem sei
que nem lembro
e bora cobrar outra do Manel
daquela uma ali é que não cobro nada
mais nada
nunca mais
"Matilde, a louca mansa, vivia mercando assim:
Olha a Flor da Noite!"
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